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Candelária, 27 de Julho de 2024


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Programa de Promoção à Vida e Prevenção ao Suicídio
22 de Setembro de 2011

No mês de setembro, especificamente no dia 10, assinala-se como o Dia Internacional de Combate ao Suicídio, por iniciativa da Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio, em parceria com a Organização Mundial de Saúde.

         A celebração da data tem como objetivo alertar a sociedade sobre o problema que representa a maior causa de morte prematura evitável e solicitar aos governos que desenvolvam estratégias de prevenção.

         Como um problema grave de saúde pública, requer a nossa atenção, mas, infelizmente, a sua prevenção e controle, não são tarefas fáceis. Porém, a apropriada disseminação de informações e a conscientização são elementos essenciais para o sucesso dos programas de prevenção do suicídio.

         Com este pensamento, a Prefeitura Municipal de Candelária, através da Secretaria Municipal de Saúde e com o Centro de Atenção Psicossocial – CAPS, desenvolveram a cerca de um ano e meio o programa de prevenção que é único no país. Trata-se do projeto “Vida Sim – Programa de Promoção à Vida e Prevenção ao Suicídio”.

         Viu-se a necessidade da criação deste projeto, devido Candelária estar entre os cinco municípios com maior índice de suicídio do país, juntamente com Venâncio Aires, Santa Cruz e São Lourenço. Conforme Aline Trindade, psicóloga e diretora do CAPS de Candelária, enquanto no país a média é de quatro suicídios para cada 100 mil habitantes, em Candelária a média era de 20 suicídios para 100 mil habitantes.

         O Ministério da Saúde convocou os técnicos da área da saúde para trabalhar no combate do suicídio nestas cidades, com a formulação de um manual, que será lançado para toda a rede SUS do país, até o final deste ano ou inicio de 2012.

         Segundo Aline, a equipe composta por ela, por Sanderlei Pereira, da EMATER e que também integra o projeto e pela enfermeira Regina Soares, foram até Brasília para trabalhar no desenvolvimento do projeto, em conjunto com o Ministério da Saúde e de profissionais da Estácio de Sá, universidade do Rio de Janeiro.

         No manual, o tratamento é segmentado para cada área que atende pessoas que já atentaram contra si (atenção básica, segurança pública, agentes de saúde, saúde mental, serviços de emergência, clínicos gerais, psicólogos, psiquiatras, etc.), para que cada um, saiba como lidar com a situação atendida pelas diversas áreas.

         Entretanto, somente o manual não iria diminuir os altos índices de suicídio existentes em Candelária e a partir daí, surgiu o projeto, em que orientava as unidades de saúde a encaminhar todas as tentativas de suicídio para o CAPS, pois o maior risco, são as tentativas, aponta Aline, “quem tentou e não consegui, vai tentar novamente, e, é nesse grupo que devemos agir, tratar e prevenir. Mesmo que hajam muitos casos de suicídio, ainda, é um evento raro e não há como fazer um programa que abranja todas as pessoas, dessa forma, deve-se trabalhar com o maior grupo de risco”, afirma.

         Conforme a psicóloga aponta ainda, a depressão e a dependência química, principalmente do álcool, são os principais fatores que levam uma pessoa a tirar a própria vida, “na verdade, quem tenta o suicídio não quer morrer, mas sim, deixar de sofrer, e aqui, oferecemos uma alternativa para terminar com esse sofrimento”, completa.

         O programa de tratamento consiste em consultas individuais com psicólogos e psiquiatras, medicação e a orientação e apoio familiar. Porém, o paciente não recebe alta, e fica em constante observação, com o acompanhamento periódico dos profissionais do CAPS.

         A eficácia do programa é comprovada com a expressiva redução do índice de suicídio no município, de sete por ano, caiu para dois, pelo mesmo período, um decréscimo de cerca de 70 %.

         E com isso, o CAPS de Candelária foi novamente a Brasília no mês de julho deste ano, convidado pelo Ministério da Saúde, dentro do programa ‘Boas Práticas do SUS’, para um evento que reuni todas as secretarias municipais de saúde do Brasil, com cerca de seis mil pessoas. Aline conta, que não havia nenhum projeto semelhante e que muitas pessoas iam procurá-la após a apresentação do projeto, para pedir orientação sobre como implantar nas suas cidades. “Hoje, ainda é um tabu falar de suicídio, porém, omitir, somente serviu para aumentar os índices. Cerca de 1 milhão de pessoas estão se matando por ano no mundo inteiro e ninguém fala sobre isso, outras doenças, não matam 1 milhão de pessoas por ano e existem muitas campanhas falando sobre, como a dengue e a H1N1, por exemplo”, conclui.

         Hoje, a equipe leva informações sobre o projeto para vários lugares do estado e serve de exemplo para os municípios que querem prevenir e combater o suicídio.








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